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A prótese pode provocar câncer de mama?

A prótese pode provocar câncer de mama?

Por: Dra. Julyana Mendes.

 

O Brasil é o país com o maior número de cirurgias plásticas realizadas por ano. Estima-se que mais de um milhão e meio de procedimentos anuais são realizados, dentre os quais a colocação de implantes mamários encontra-se no topo da lista, perfazendo mais de 15% dos casos.

Ressalta-se a importância dos exames de imagem periódicos nas pacientes que possuem próteses, enfatizando que a mamografia pode e deve ser realizada, sem risco de rotura dos implantes se realizada com técnica adequada e, quando associada à ultrassonografia, traz uma excelente acurácia diagnóstica. A ressonância magnética também poderá fazer parte da avaliação em casos específicos.

Notícias recentes veiculadas na grande mídia acerca da relação de alguns tipos de cânceres relacionados às próteses têm sido motivo de receio por parte de muitas pacientes, sendo necessário esclarecer pontos importantes:

Esses tipos de câncer são muito raros, geralmente ocorrem após 10 anos da cirurgia e representam doenças de baixa agressividade, pois acometem apenas a cápsula do implante e não o tecido mamário propriamente. Ou seja, não é o câncer de mama que todos conhecem.

Existe relação documentada há mais de uma década de um tipo incomum de linfoma (câncer que se desenvolve no sistema imunológico), chamado de Linfoma Anaplásico de grandes células, que possui uma relação bem estabelecida com alguns implantes texturizados (os que possuem superfície áspera), os quais já foram devidamente retirados de comercialização. Ressalta-se que esse tipo de câncer possui um número de casos inexpressivo, sendo documentados menos de 05 pacientes no estado de Pernambuco até o momento.

Recentemente, o FDA (Food and Drug Admnistration – agência reguladora norte-americana) divulgou que um outro tipo de câncer, o carcinoma de células escamosas, parece estar relacionado a implantes de todos os tipos, incluindo aqueles com superfície lisa ou texturizada, assim como aqueles preenchidos com soro fisiológico ou silicone. A relação se daria por uma certa reação exacerbada do organismo ao material da prótese. No entanto, foram descritos apenas 16 casos no mundo até o presente momento.

Independente do tipo de câncer associado às próteses mamárias, não há necessidade de preocupação excessiva. Há pouquíssimos casos relatados no mundo e as chances de cura giram em torno de 95%. Portanto, pacientes assintomáticas que possuem próteses não precisam removê-las.

Aquelas, no entanto, que apresentam sintomas, como aumento de volume local, dor, caroços ou alteração da pele, necessitam de avaliação complementar com exames de imagem após consulta médica e orientação individualizada.

Nesse contexto, a colocação de próteses mamárias não precisa ser desencorajada. Os possíveis benefícios, sobretudo relacionados às reconstruções após tratamentos mais invasivos, devem ser ponderados e a decisão consciente deve ser valorizada no resgate da autoestima da paciente.

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