Por: Dra. Andréa Farias.
Aos 33 anos, Maria trilhou um silencioso percurso na busca pela maternidade. Foi uma jornada sublinhada pela ausência de sintomas intensos. Após um ano de tentativas para engravidar, os exames de ultrassonografia transvaginal anuais de rotina feitos por ela apontavam de forma insistente para um resultado “normal”. Foi preciso um olhar mais incisivo,visto com a ajuda de uma ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal, para desvendar o que tinha a paciente. Era endometriose em um grau profundo. Nesse caso, a endometriose era a causa de sua infertilidade e revelava uma “pelve congelada”, onde os ovários haviam perdido a mobilidade, aderindo ao útero de forma significativa. Esta rotina de Maria – cujo nome verdadeiro não menciono aqui por uma questão ética – é a rotina de muitas mulheres, muitas marias em busca de diagnóstico alentador.
A endometriose é caracterizada pelo crescimento de tecido semelhante ao do revestimento uterino em locais fora do útero e manifesta-se por um espectro de sintomas, que vão desde dor pélvica intensa até a infertilidade. Em situações como a de Maria, onde a dor não se apresenta como um sinalizador, a infertilidade pode emergir como o único indicativo de uma condição subjacente. Esta variação nos sinais e sintomas evidencia o desafio diagnóstico que a endometriose representa e salienta a importância de uma detecção precoce e precisa por meio de exames de imagem.
A ultrassonografia transvaginal com preparo intestinal é essencial no estudo da endometriose. O preparo requer uma limpeza do intestino, proporcionando uma visibilidade limpa das estruturas pélvicas que, muitas vezes, são encobertas em exames convencionais. O procedimento é meticuloso: um transdutor é cuidadosamente introduzido na vagina, utilizando ondas sonoras para gerar imagens detalhadas das áreas afetadas pela endometriose.
Em paralelo, a ressonância magnética (RM) da pelve serve como um método diagnóstico complementar de alta resolução tecidual, permitindo a visualização detalhada de múltiplos planos anatômicos. A RM é particularmente hábil na identificação de pequeninos endometriomas e na distinção entre aderências e outras anormalidades pélvicas, além de avaliar a extensão da invasão do tecido endometriótico em diversos órgãos – dados essenciais para o planejamento de uma intervenção cirúrgica eficaz.
O tratamento da endometriose adota uma abordagem multidimensional, envolvendo desde terapias hormonais para alívio da dor e controle dos sintomas até intervenções cirúrgicas para remoção de tecido endometriótico, melhorando assim a função reprodutiva. Em quadros onde a infertilidade é um fator, métodos de reprodução assistida, como a fertilização in vitro, são considerados alternativas promissoras.
A orientação por profissionais especializados em fertilidade feminina é um componente crítico no acompanhamento. Estes especialistas disponibilizam um espectro de tratamentos personalizados e suporte contínuo, englobando toda a trajetória desde o diagnóstico inicial até as tentativas de concepção.
Maria, com sua história real e que se repete inúmeras vezes, ilumina e nos faz lembrar da necessidade urgente de maior conscientização sobre a endometriose e o seu impacto significativo na fertilidade feminina. O diagnóstico acurado, proporcionado pela percepção especializada de profissionais de saúde e pelo uso de tecnologias de imagem de vanguarda, abre caminho para tratamentos efetivos e amplia as probabilidades de mulheres com endometriose realizarem seu anseio pela maternidade.